sexta-feira, 9 de abril de 2010

Ao pé

Telhas avermelhadas, janelas claras, parede verde. Os desenhos eram as sombras alheias. A porta trancada, um passo, três passos, a janela abre, o vento fecha, o movimento contra pesa mais, a observação do espaço é feita. Estou aqui, oras em silêncio, oras não. Escuta, se escuta. Temos uma Laranjeira, a leveza de uma Laranjeira - o som - no fundo tudo é uma composição.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

IV

as caixas estão vazias.

quinta-feira, 4 de março de 2010

com pontos

os olhos estavam fechados, apertados contra a palma da mão. de leve as imagens fragmentadas surgiam. ele sentia como se explorasse aqueles pequenos pontos que se interligavam a outros pequenos pontos até surgir uma imagem indefinida. quanto mais tempo e mais forte apertava os olhos, mais claro os pontos ficavam. aos poucos, começavam a criar forma. gostava de sentir essa incerteza de que a cada segundo as imagens mudavam de formato e agregavam outras cores, outras vidas - não apenas o que se espera - transformando o espaço imaginário. na verdade, nada mudaria o plano existente, o ambiente em que se encontrava continuará intacto, da mesma forma que o deixou antes de fechar os olhos. ele estava sentado, debruçado em si mesmo e apenas com tédio - pensava. mas no fundo, o que verdadeiramente esperava, era ter, em algum momento, a coragem de abrir os olhos e, através deles, enxergar mais o real do que o irreal.

terça-feira, 2 de março de 2010

que

sentia algo estranho por dentro. já tinha sentido antes, era algo forte e leve - reciprocamente. até entes de ontem, só tinha o doce. ontem não dormiu a noite, levantou a procura - fez um chá com mel.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

acto III

sem ruído o som surgia aos poucos, em passos sossegados. ao se apróximar disso tudo, o que era inconsciente se tranformará. queria entrar dentro da lata, sentir o enjoo da lata, cuspir na lata. pensava que a lata nada era, nada dizia. antes, só existia o silêncio - que doía. hoje, mal sabia ele, que depois do acto II, o que se escutava era apenas o sopro da vida.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Nada explicaria o que sentiu. Perceberia que o peso e a leveza são um só. Que o que se descobriu, se perdeu também e que se perder nada é mais do que se encontrar. Após tudo isso, não saberia o porquê.

domingo, 31 de janeiro de 2010

acto II

além do quê ele abriu a lata; e nela não tinham apenas sardinhas.
tudo era doce.